segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sonhos

Ùltima música que compus - Sonhos













Sempre imaginei
que a mente fosse só quimera, ideias
Debaixo de meus olhos
campos ilusórios fabricando estórias
de um rapaz conhecido

Nem pensei, que os sonhos
invadem a vida, sem avisar...

Eu ando pelas ruas e passeios
a alimentar a alma de devaneios
Enfrento o maior medo
que é encontrar a realidade
prostrada em frente a mim

E pensei, que a vida
recria os sonhos
para avisar...

Qual é a cor dos olhos daquela mulher que sonhei?
Estávamos apaixonados
E de quantos precipícios despenquei
e acordei, temendo a vida
e os sonhos maldosos

Se é ilusão, já nem sei
O que é vida
Pois os sonhos ajudam a
me conhecer bem...

Debaixo de meus olhos
campos ilusórios fabricando estórias
de um rapaz conhecido
que era eu...



                                                             

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Primavera dos apaixonados


A verdade mesmo é que ninguém se importa qual a estação, o indivíduo aprecia qualquer dia, qualquer época, desde que esteja bem consigo mesmo. A natureza dialoga com a vida, mas é apenas coadjuvante ao pé do dia.
O garoto estava ardendo em amores, e tirou a sorte grande de se apaixonar na primavera. É para poucos...
Caminhava pela rua afora a divagar sobre sonhos de beleza fugaz. Há de estar em cada um a primavera dos apaixonados, escondida no fundo do peito, mas tão frágil a ponto de, com qualquer esbarrão se desabrochar de amores.
Olhava o caminho trilhado de maneira singular, a beleza se fazia num simples passo vazio e o som dos carros passando. Quando as flores caindo sobre o asfalto deixando todos os problemas possíveis junto ao cimento sem graça, colorido por pétalas amarelas.

Em casa, cumprimenta os pais - a doce mania de esconder quando se está apaixonado – sobe para o quarto e prepara a cama com mínima vontade de adormecer. O travesseiro de sempre, é mole demais para a ocasião e o incomodo aumentado pela ansiedade na espera do dia seguinte.

- Acorda filho, ta na hora da aula! , exclamava a mãe do garoto
Este, embora fosse detentor de um habitual mau-humor matinal, acordara com sorriso relaxado no rosto
- Ô mãe, brigado por me acordar..., disse esfregando os olhos
Rapidamente se levantou, e se arrumando ia oscilando da respiração ofegante com a sensação de mais completa ternura.

A manhã era de um sol claro o suficiente para deixar um mau sujeito com vontade de distribuir sorrisos.
No caminho para escola, o garoto ia passando a mão entre as flores, bonitas espalhadas por todos os cantos. Todos o cumprimentavam com belo sorriso matinal.
 Ocorreu-lhe a ideia de coletar algumas destas para presentear sua namorada.
Com cautela e a maior perícia de quem não conhece nada sobre flores, ia analisando uma a uma no caminho de modo a escolher a mais bonita, a mais bonita que pudesse existir.
Uma flor, em particular, lhe chamou atenção. Era uma flor azul, uma cor muito bonita.
Parecia-lhe uma rosa de cor azul, mas não sabia ao certo. Ouvira certa vez que rosas azuis nunca existiram senão fruto de variações genéticas, mas nunca naturalmente. Mas esta parecia ser natural.  Solitária em meio a um enorme terraço vazio - com ar de abandonado - e sem grades de uma casa velha. Parecia a única coisa a iluminar o local.
Foi logo ao seu encontro, extasiado pela descoberta de flor tão bela. Após um pouco analisar, decidira que era esta mesmo que iria levar. Num puxão, arrancou a única flor do terreno de sua raiz. Súbito todo o céu se tornou negro, esfumaçado.
No mesmo momento escutou um enorme gemido vindo de dentro da casa velha. Um grito de extrema dor ecoou pelo terraço, emitido pela mesma voz que em seguida começava a pronunciar dizeres de profunda revolta e denúncia.

- Ladrão! Seu ladrão de merda! O que você esta fazendo no meu jardim?! Volte já aqui!

Era uma voz feminina, rouca, que apesar de se reconhecer como voz de mulher, podia-se até confundir com a de um homem rabugento e agressivo. Toda esta barulheira vinha acompanhado com o latido enjoado de um cãozinho ao fundo.
O garoto assustado, sem saber o que fazer, segurou a flor com força e resolveu correr. No primeiro arranque, sem conseguir olhar para o lado, trombou com uma mulher na faixa de 30 anos, que tentou segurar-lhe pelo braço ao ouvir o grito de ameaça. Esguio e ágil o menino se desvencilhou da moça e continuou em sua fuga.
Nessa hora a velha da casa abandonada já havia aparecido do lado de fora de seu quintal e começava a gritar e apontar para o menino.
- Pega ladrão! Ele me roubou!
Quando outra pessoa, agora um homem magro tentou agarrar-lhe os pés, e, não conseguindo, começou a correr atrás do garoto.
O menino corria já sem saber para onde, e também sem saber por que fugia. Já estava correndo sem pensar com as pernas e iam escorrendo lagrimas no canto de seus olhos.
Então, um homem forte, com uniforme de policial, apanhou o menino pelo pescoço e deitou-o no chão.
Logo uma multidão, que não se sabe donde apareceu, se formou em volta do garoto que era atacado por olhares ferozes o julgando.
O burburinho criado expelia todas as vozes para o centro em direção ao menino

- Ora, se ele não estava procurando algo... pois achou! – comentou alguém na multidão
- É, nunca mais tente a sorte, garoto! – exclamou outra voz

Quando o garoto com os olhos abarrotados de lagrimas enxerga todas as pessoas com expressões melancólicas e sorrisos tristes distorcidos... Todos a dar imensas, intermináveis gargalhadas.
Esta cena ia se tornando cada vez mais agoniante, e todos vinham se aproximando mais  e mais. E suas formas já não eram mais humanas...
Ele então começa ser atacado por todos os lados, entre pontapés e socos, ia sucumbindo à sua própria tristeza.
A multidão de repente cessou os ataques, abrindo espaço para a rua.
Uma garota vinha caminhando lentamente, com o rosto um pouco cabisbaixo, e seu rosto não se apresentava nítido, não podendo identificar quem vinha vindo. A menina, que apresentava uma estranha mistura de ternura e escuridão, vinha arrastando a flor azul pelo chão...
Quando o garoto sente uma enorme punhalada em sua nuca, perdendo momentaneamente sua visão e o levando a perder o fôlego, não conseguindo buscar o ar por alguns segundos.
Num enorme solavanco, ele se levanta.

Acordava com elevada temperatura, suando entre seus cobertores. Põe a cabeça em direção a janela. Estava escuro.

Era inverno, e ele não tinha uma paixão.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Inpresto

Empresto meu  “bom dia, boa tarde, boa noite”
minhas risadas, piadas
empresto meu sorriso, de dia
meus pensamentos, à noite
empresto-me à madrugada.
escondo as incertezas, os superlativos
entrego-me a dúvida, aos caprichos indefinidos
como se ainda não houvesse vida, como se ainda não nascesse
porque vou distribuindo meu dia-a-dia
por quê sinto?!
tenho por dizer meu dever -  o dever de dizer o que tenho sido
mas o que há para ser dito?
algumas palavras...
palabras, parábolas
tenho de dizer que sinto!
tenho, não...
empresto, não...
não presto
pra nada.


segunda-feira, 30 de abril de 2012

As vezes ninguém tem razão

Escrevi essa música no dia 26/12/11, a utilizando em uma harmonia que havia criado anteriormente, substituindo letra e melodia.
Aproveitei que estava com um microfone melhor em mãos e resolvi registrar.
Como em toda gravação, nunca sai do jeito exato que quero, sempre bate um nervosismo... haha Mas da pra conferir!



Segue aqui embaixo a letra da música:


“Minha voz já não canta igual por ti
Sem dizer o que preferiria carpir
Não que esperasse, não que a dissesse
“Quero voltar”
Pois a realidade, acidenta o modo de se sonhar
Não que prezasse, não que a quisesse algum mal
Mas quando a vejo, nos braços de um outro
Que não eu...
Faço sinceros, os mais pobres versos de execração
Me torno decerto, declaro confesso,
O mais vil vilão
Eu juro não é a intenção
Nem sei se há explicação
As vezes nenhum de nós tem razão”

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Um minuto de sua atenção

- Meu senhor, me desculpe incomodar, mas será que eu poderia ter um minuto de sua atenção?

- Pois não... – respondeu impassível o homem sentado em banco de plástico de uma rodoviária

- Pois bem, é que eu tô passando dificuldade. Tenho uma filha, de 6 anos... – Ia dizendo palavras atrás de palavras quase que ensaiadas olhando para os lados e para cima –
Ela esta passando fome e eu já não sei mais o que fazer! Por isso peço sua ajuda, preciso muito de um dinheirinho pra comprar qualquer coisa... qualquer coisa só pra encher a barriguinha da minha princesa. Confesso a você, eu mesmo não tenho comido, mas hei de passar fome com menos desgosto se ela tiver de comer! Será que você teria algum trocadinho pra me ajudar, moço?

O ambiente era pesado. Barulho do trânsito, os ônibus apressados querendo partir e os passageiros lentos à procura do local de embarque. A moça da locução anunciava com uma voz de dor de barriga que o ônibus com destino ao Vale da Felicidade já estava partindo, quem quisesse que se apressasse. Nas lanchonetes ao redor viam-se pessoas rindo de boca cheia, apontando mais um salgado, entregando cédulas de dinheiro rasgado e seguindo para algum outro caminho. O chão, mesmo que tivesse acabado de ser lavado, aparentava estar imundo e a iluminação escassa contribuía para a sensação de sujeira.

O homem, de banho tomado e trajado de bermudas e camisa confortável, olhava atentamente para o indivíduo sentado ao seu lado, com olhar distraído e que, sôfrego, pedia com as mãos.

- Meu senhor, você me pediu um minuto de sua atenção. Pois então, não foi o que ocorreu. Ouvi você falar por aproximadamente 20 segundos, e isso para mim meu caro, é um profundo desrespeito, pois dediquei a você tempo de minha atenção que obviamente foram desperdiçados. Depreendo, portanto, que você é um mentiroso! E se é assim que deseja ser, eu sinto, mas não creio mais no que me fala. Vá embora, por favor!

O pedinte confuso, não tanto pela fome que o consumia até os olhos mas sim pela não compreensão do que tinha ouvido, pôs-se a andar vagarosamente e sem esperança para as escadas iluminadas por um feixe de luz do sol. O homem sentado, acompanhou-o com o olhar meio impaciente e esperando um desfecho para o que havia acontecido.
Foi quando pôde observar ao longe as costas do pedinte andando miúdo e com os ombros soluçando de chorar. No reflexo, contraluz de fora, viu na sombra ele a estender a mão para uma outra, uma pequena mãozinha.
Mas era de se amargar. Como havia de ter faltado ajuda a aquele pobre homem desesperado, que apenas queria um minuto de descanso naquele longo tempo de sofrimento!
Esperando a hora de seu ônibus partir, ele começou a ficar inquieto em sua cadeira. Aquilo ficava marcado e não lhe saia da cabeça. Uma espécie de dívida pessoal havia se estabelecido em sua mente, e precisava quita-la.

Olhando para um lado e para o outro, ele sentia vergonha! E quase que rezava para que o homem voltasse e ele então pudesse se desculpar, por notar tanta sinceridade no pedido do mesmo!
Um outro pedinte veio se aproximando...

- Me desculpa estar aqui tendo que pedir isso, mas olha só moço! Eu não sei mais o que fazer, minha família toda me deixou. Tenho tido que tomar banho no rio, naquela agua suja, e mesmo assim fui roubado! Minha mochila tinha um dinheiro pra comprar minha passagem pra voltar pra minha cidade, as fotos de meus filhos que não vejo há tanto tempo, agasalho....
E depois disso tudo só me sobrou mesmo meus documentos, olha só! Pode ver se o senhor quiser! E, ah... Como tem sido difícil ficar sem ter onde morar! Eu venho andando com essas roupas aqui o tempo todo, não tenho outra! E os outros me tratam de um jeito, olhando de lado... Outro dia um rapaz me perguntou o porquê de eu estar pedindo, falou que eu ainda tava novo e que ainda dava pra começar a roubar! Mas como eu ia fazer isso?! É errado! Por isso, na maior humildade eu venho pedindo essa ajuda, que é só pra poder ajudar um pobre que passa fome mesmo... – dizia o pedinte se curvando de forma como se humilhasse aos pés do outro - Depois disso eu juro que paro de importunar... Mas veja se pode meu senhor, veja se pode um sujeito como eu ficar assim na miséria! O senhor tem ai qualquer coisinha pra me ajudar? – perguntava o pedinte já olhando de cima para baixo esperando alguma resposta das mãos do homem. Esperando que elas se mexessem até a carteira

O homem sentado à cadeira da rodoviária estava embriagado com tanto falatório. Já não comportava mais seus próprios princípios e conclusões, que também estavam abalados por conta do episódio anterior. Mas ainda sobrou tempo para alguma desconfiança que induziu seus lábios a se mexerem perguntando em tom ameaçador

- Mas por que tu não trabalhas?

O pedinte desconcertado olhou para um lado para o outro até que se restabeleceu e falou olhando fixo nos olhos do homem

- Como ia fazer isso meu senhor? Minhas costas doem desde que fui espancado na rua outro dia. Já tentei arranjar trabalho mas ninguém quer dar oportunidade a um sem-teto que só possui os documentos e a roupa do corpo!

Diante da resposta, o homem preferiu dessa vez acreditar no que ouvia. Levou a mão aos bolsos e tirou alguns trocados. Achou uma moeda de 1 real , uma de 0,50 centavos e mais duas de 0,10 centavos. Olhando nos olhos do outro que agora só olhava para as moedas, despejou as pratinhas.
Alguma coisa ele teria feito. Não era má pessoa a ponto de deixar os outros na miséria por querer. Mas a dúvida surgia, será que não havia cometido o erro de jogar o dinheiro fora? Nas mãos da pessoa errada?! Preferiu fingir que esquecia o assunto e seguia tentando disfarçar o tempo.
Mas só pensava. “Ele me olhava fixo. Parecia ter certeza do que falava... Mas pensando bem, parecia mentir! E olha, falou bem mais que um minuto... Era isso o que eu queria?! Aliás, queria? Por que tenho que querer? Ah, mas que cargo venho carregando a toa! E o dinheiro? Poderia ter dado para o pai da menininha ... Mas já é tarde. Como ia saber! Espero, espero que esses meus trocados sirvam para o bem!”

As pessoas indo e vindo, e ele avistou o pedinte que ainda continuava a exercer seu ofício de pedir. Estranho foi perceber que o discurso parecia ser o mesmo. A mesma forma de se portar, o mesmo chacoalhar ágil porém agarrado para dar um ar de desgraça.
Observou também, na sequência, o mesmo se dirigindo a uma barraquinha que vendia salgados, refrigerantes e mais um monte de outras coisas. Viu o pedinte entregar as moedinhas e esperou ansiosamente para ver o que ele iria receber em troca.
Para profundo sentimento de ódio, o homem o viu receber um maço de cigarros e uma caixa de palitos de fósforos da mão do vendedor.
Seus dentes rangiam de tanta raiva e por um instante sentira vontade de se levantar e espancar o desgraçado! Era pobre sim, pobre de alma!
Suspirou e pensou um pouco melhor. Refletiu que era até melhor que ele continuasse nessa vida, de miséria! E que não saísse disso, que sofresse com a desconfiança dos outros e com o desprezo! Esse haveria de ser seu futuro para sempre! Que algum dia, o moço que estava com a filhinha passando fome, passe na frente dele e sinta pena! Por ser tão desgraçado!

Alguns parecem realmente encarar esta tarefa como profissão, e isso é lamentável!
Ao homem sentado na cadeira de plástico da rodoviária, sobra uma tarefa ingrata. Ser obrigado a se envolver com as desigualdades/realidades sociais mescladas com o mau-caratismo de muitos.

A tarefa de todo o dia, torna-se: Tentar identificar quem está falando a verdade, ou, simplesmente ignorar a todos eles.
Enquanto não oferecem curso para tal, usa-se mesmo a comparação.
“Hum... Esse me parece estar falando a verdade”
Dai o jogo recomeça do zero!
Quem é o culpado? Alias, de novo, por que há de se ter culpa?!
Não há tempo para perguntar. O coro já vem vindo

- Senhor, poderia ter um minuto de sua atenção?


Rodrigo Gomes Pereira

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sombra de uma noite de verão

Num fim de tarde de verão, ele caminhava pelas ruas. As nuvens negras iam se misturando com o azul do céu, um forte azul. As luzes fracas e amarelas desbotadas dos postes começavam a a(s)cender, invadindo os passeios abarrotados de sombras dos transeuntes.
Andando mais com ouvidos do que os pés, o rapaz ia sendo conduzindo pela música que tocava.

- Quanto é o chopp? , perguntou o rapaz
- Quatro e cinquenta! – respondeu o garçom de olhos esbugalhados e ágeis – Senta! Veja o cardápio! Quer alguma coisa pra acompanhar o chopp?

Não teve tempo de responder se a oferta o atraíra, o garçom já havia decidido isso por ele. Diante da imposição, o rapaz sentou-se à mesa e ordenou que trouxesse o chopp bem gelado. O outro respondeu com grande entusiasmo assegurando que o pedido seria atendido. Rapidamente se emaranhou por detrás do balcão, na parte de dentro do bar.
Acabado este rápido diálogo, podia agora dedicar sua atenção à música que tocava.
A disposição das mesas era um tanto quanto confusa. Eram espalhadas de acordo com o espaço disponível nesta área aberta do bar, de modo que cabiam mais ou menos umas 15 mesas no local. Todas apertadas umas as outras, provocando certo desconforto nos que ali estavam por ter de se esmagar entre a cadeira e a mesa de modo milimétrico a não invadir o espaço dos vizinhos.
O rapaz, de 27 anos, estava sentado sozinho em uma mesa para quatro pessoas que ficava na última fileira. Conseguia enxergar os músicos entre cabeças e conversas alheias. Entre espaços esticava o pescoço a procura da melhor posição para acompanhar o modesto show. A maioria não estava a prestar atenção nas músicas. Falavam mais alto de acordo com o volume da mesma e as gargalhadas se faziam mais presentes e escandalosas a cada copo derramado.
Achada a melhor posição, o rapaz pôde acompanhar com eterno agrado a moça que cantava magnificamente ao lado do violonista. Era bela e tinha algo que cativara o rapaz. algo além dos lindos olhos e da boca que sorria ao cantar. Ar misterioso e encantador, seu corpo transmitia sensualidade por simples movimentos dos braços e das mãos ajeitando o cabelo cacheado.
Acompanhando com os olhos, quase que esboçando algum tipo de olhar sedutor do qual  não dominava, tentava de alguma forma se fazer notado pela cantora.
A cada instante tinha a certeza de que não poderia achar um defeito nela, uma paixão pura e rápida como um raio. Fantasias lhe vinham à cabeça. A moça, que muito provavelmente tinha semelhante idade à dele, preenchia todos os seus requisitos para uma mulher ideal. E com uma voz daquelas... não haveria como se estar triste em sua companhia. Seria como acordar ouvindo os anjos!
Entre suspiros e desejos, acompanhava-a cantando bem baixinho, esperando qualquer tipo de retorno. Ele queria que ela o notasse, e que, mesmo que não tivesse motivo aparente, algo a chamasse a atenção para ele. Qualquer coisa que lhe fizesse diferente, talvez o modo de olhar ou a maneira como se vestia. Qualquer coisa mesmo, que entrelaçasse os dois em uma história de afeição e admiração.
Certa hora parecia que seu objetivo tinha sido alcançado. Num momento mágico os dois fitaram os olhos um do outro e de certa forma concordaram que estavam satisfeitos com a situação. Um por ouvir boa música cantada por bela voz e a outra por notar que sua performance estava sendo acompanhada com admiração sincera.
Este  acontecimento durou cerca de 15 segundos sendo interrompido por mãos estabanadas do garçom, que descia o chopp à mesa do rapaz com mais pressa do que cuidado, deixando cair um pouco da espuma no papel que forrava a mesa. Rapidamente limpou sem maiores problemas, e na mesma agilidade saiu para atender outra mesa que o chamava.
Este fato bagunçou os sentidos do rapaz que estava compenetrado no momento de reciprocidade entre ele e a cantora. Com a chegada do garçom desviou a atenção assustado perdendo de vista a moça por míseros segundos, os mesmos suficientes para que os olhares cessassem e a apresentação seguisse da mesma maneira como vinha acontecendo antes.
Foi quando uma das músicas terminava que veio um grande susto seguido por sentimento de extrema extasia para o rapaz.

- Agora vou cantar uma música que tenho um carinho especial - anunciava a cantora –
Esta música é de uma natureza fantástica, sendo que o autor teve grande sensibilidade ao transpor a ótica de um apaixonado em versos. Infelizmente ainda não tive o prazer de encontrar o compositor desta bela música. Cantaram-na em uma roda de amigos certa vez e desde então não a esqueço! Só o que sei sobre ela é canta-la, e que o autor desta belíssima canção chama-se Lucas Lazzari, ou Lazzarem, algo do tipo. Não souberam me dizer... mas então...vamos lá!

Mal podia acreditar, ele não conseguia crer. Aquela música mencionada com tanta emoção pela moça era uma de suas composições! Era dele, Lazzari! Sentado na ultima fileira de mesas do bar.
Uma enorme felicidade se estendeu no peito do rapaz que não conseguia conter a ansiedade. Já havia planejado tudo. Pensava, aflito:
“Ao terminar esta música, vou até ela e me apresento como o mencionado compositor. Não apenas será um ponto de partida para uma conversa como também um ótimo passo a meu favor, já que ela gostara tanto de minha música! Ah sim! Tudo vai dar certo! Espero... Vamos...!Quero lhe contar!”
E então feita a introdução instrumental pelo violonista a bela voz começava a aparecer. Era lindo, lindo! Nunca ouvira sua música tão bem cantada. Também pudera, ela (a moça) era perfeita!
Ouvindo com profunda admiração, ia cantando e acompanhando a letra que ele sabia mais do que ninguém .


“...Sereis minha vida enquanto eu viver
Inventarei outro mundo se for por você
Cantarei suas conquistas como a(minha) maior alegria
Recolherei suas lágrimas de terror e fadiga
Te entregarei os meus braços, minha boca e olhos
E enxergaras meu amor tão sincero e simplório...”

Sentimentos fortes dominavam o rapaz, já estava fora de sua consciência mergulhando em sonhos e planos. Ia se levando com a música e a voz da musa. De súbito voltou a si e raciocinou rapidamente como quem planejasse da forma mais bem elaborada já existida. Calculou que a música estava para acabar e que iria contar-lhe sobre sua composição.
No mesmo instante deu sinal para o garçom para que fechasse a conta rapidamente. Não entendendo bem o sinal, este mesmo foi até a mesa para se certificar sobre o que o freguês pedia.

- Pois não senhor? , disse o garçom
- Fecha a conta pra mim lá por favor, bem rapidinho! , deu uma piscada de olho como que educadamente
- Xá comigo camarada! – e assim saiu para executar a função.

Passado alguns instantes a conta ainda não havia chegado e o rapaz já estava angustiado e com pressa. A música se acabou e surpreendentemente foi recebida por entusiasmados aplausos, muitos até se levantaram para tal, até mesmo aqueles que conversavam sem olhar para os lados pararam para apreciar aquela canção. Chegou até a ver uma senhora de uma das mesas elogiando e perguntando mais detalhes sobre a música que a encantara.
Foi quando a cantora agradeceu e anunciou que esta teria sido a última música do show.

- Muito obrigada, gente! É um prazer ver que as pessoas gostaram. Principalmente uma música assim tão bela, muito legal mesmo. Obrigada! – disse a cantora a todos do bar -
Bom, o nosso show hoje acaba por aqui, tenho que ir correndo pra não chegar atrasada em outro compromisso... Foi um prazer pessoal, até a próxima!

E se despedindo rapidamente o violonista foi ajeitando com extrema habilidade o violão e alguns outros poucos equipamentos que pertenciam a eles numa espécie de sacola. Foi colocando tudo às pressas, assim como fez a cantora. Parecia que estavam atrasados para um outro show.
Ao ver tal cena o rapaz ficou ainda mais nervoso, temia que seu plano falhasse. A conta não chegava...
Quando finalmente decidiu ir logo ao encontro da moça para conversar foi puxado meio que como um solavanco por uma mão.

- Senhor, pode incluir os 10%? – era o garçom perguntando
- Pode... Pode sim! – respondeu o rapaz com confusão e pressa
Já ia se direcionando novamente para a moça e o garçom o interrompeu novamente
- Você vai pagar em dinheiro ou cartão?
- No cartão! – respondeu impaciente o rapaz que não havia levado dinheiro em espécie na carteira
- Débito ou crédito?
- Débito! – respondeu quase que com raiva – Senhor, será que podia ver pra ir rápido? Estou com um pouco de pressa!
- Sem problemas, camarada! Só vou precisar que você venha até ali no balcão comigo porque a maquininha ta dando um problema danado... Só você vendo, outro dia um cliente pediu pra pagar no cartão, trouxe a maquininha pra ele e ficamos mais de 15 minutos tentando fazer ela funcionar. Mas a diabinha cisma de funcionar só lá dentro! Eita tecnologia...
– Depois de algum devaneio, o garçom voltou ao objetivo - Pode vir aqui! Me acompanha!

A cada palavra que o garçom falava o rapaz ficava mais nervoso. Mas que diabos esse garçom ficava falando enquanto ele estava com pressa! Seguiu-o com intensidade para resolver logo a questão. Rapidamente em uma olhadela viu que os músicos ainda lá estavam arrumando suas coisas. Calculou que rapidamente iria ao seu encontro e de repente até os acompanhava até o destino deles.
Dentro do bar, no balcão, ele enfiava o cartão e esperava o pagamento se efetuar.

- Xi, mas não é que a diabinha até aqui tem dado problema! Vamos ver se ela volta a funcionar logo! – disse o garçom num tom meio de que puxando conversa com o rapaz
- Ah meu Deus, mas que saco! Espera, vou ali resolver uma coisa e já volto! – disse o rapaz
- Ó! Espera ai! Agora deu! , exclamou espantando o garçom

Olhando frequente e impacientemente para fora o rapaz digitou sua senha. A maquininha processou e dentro de poucos segundos já estava emitida a notinha.
O rapaz tremendamente aliviado quis sair correndo atrás da moça, mas ainda teve que se livrar do garçom que insistia na conversa.

- E você, gostou do bar? Essa música estava muito boa não é mesmo? Essa última que a mocinha ali cantou foi linda. Mas linda mesmo!

- Pois é! Com certeza! Desculpa-me o ar grosseiro, mas tenho que ir. Muito obrigado e bom trabalho. – disse o rapaz apressadamente rumo à “liberdade”

Saindo da parte de dentro do bar, o rapaz apenas conseguiu ver a pontinha do violão indo-se embora pela porta distante em velocidade impressionante.
Não conseguira acreditar como teria perdido aquela oportunidade. Ainda tentou em vão encontra-los fora do bar, mas nem sinal dos músicos.
Uma enorme decepção tomou conta de seu coração. De seu coração não, de seu peito. E doía! Uma dor que fincava como uma estaca e ia anestesiando todo seu corpo numa sensação de vertigem, como quem tenta induzir um desmaio.
Estava ele agora, no meio da rua escura meio atônito, sem saber por onde rumaria naquele momento. Não existia nenhum caminho certo. As nuvens encobriam quase todo o céu, quase que armando chuva. As estrelas estavam embaçadas, com um brilho fosco e sem graça.
Saia do bar como havia entrado. Uma sombra no passeio. Não como Lazzari, mas ainda como um rapaz. Não teve o reconhecimento por sua música que encantou a todos os presentes no bar. Não fora reconhecido pela encantadora moça por quem ficara fascinado longos instantes sentado à mesa. Era poeira levada pelo vento.
“Passou”, pensou ele. Não era de se arriscar tanto. Mais tarde pensou mesmo é que era grande besteira, que o que aconteceu foi o melhor. O prevenira de criar expectativas em cima de algo que era muito pouco provável acontecer. Melhor ainda, o prevenia da humilhação, de se cometer um equivoco e fazer papel de bobo.

- É. Talvez seja assim mesmo. Talvez algumas pessoas venham mesmo para ser sombras, passando entre as outras na calçada. Não é para se angustiar, cada um tem sua sorte. E a minha é esta ai...


Rodrigo Gomes Pereira

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"Vida, minha vida..."

"Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás
Arranca, vida

Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa,
Pulsa, pulsa mais"








São detalhes que constroem o enredo de nossa história. Poderia, de repente, largar de lado alguma admiração, desvalorizar o que se já conhecia mais ou menos e fazer disso tudo uma brincadeira simples e sem graça. Mas tem graça...

Um personagem torna-se amigo de todos os dias, com direito a bate-papo, reflexões, cantorias, e, nem mesmo o conheço pessoalmente.

Está sempre por ai. Estava junto com o meu violão, arranhando os primeiros acordes, cantando as mais belas letras e melodias, incentivando, inspirando a refletir. De alguma forma tocava nos assuntos mais profundos e indecifráveis da alma.
Nos encartes dos cds (LP’S), fotos de uma época brilhante que não fiz parte. Mas de alguma forma – ainda que em lapsos de realidade – estive presente, dialogando com grandes nomes da história da música brasileira, assistindo aos festivais que marcaram a história.
Tentava acompanhar a trajetória, mas infelizmente enquanto a minha vem começando, a deste outro já vinha em outra direção, se findando.

Em uma bela oportunidade, consegui consagrar um momento especial em minha vida. Conhecer, mesmo que de longe, este grande parceiro de todas as horas que costumamos chamar de ídolo. No caso, Chico Buarque.
Mal acreditava que teria tal chance. Grande parte de músicos que admiro já se foram e me restava apenas imaginar como era estar presente em um show destes, ver com os próprios olhos. Chico vinha se dedicando a carreira literária e não se apresentando, pensava eu que o mesmo aconteceria e nunca iria poder vê-lo nos palcos.

Depois do anúncio de sua turnê, surgia aquela ponta de ansiedade. A mesma que esteve presente comigo na cadeira do camarote, olhando para o palco vazio. Embora tivesse certeza do que iria acontecer, permanecia um pouco incrédulo. Sentimento que foi destruído em míseros instantes em meio a palmas entusiasmadas saudando a chegada de um tímido senhor vestido com simples roupas pretas que aparecia no meio do palco. De súbito, toda aquela estória virou história. Aquele que eu lia sobre o exílio, sobre as censuras da ditadura, sobre a imensa percepção dos sentimentos e da vida. O grande cronista. Era ele e mais nenhum outro.

É certo que conhecemos um personagem intimamente mais pela sua obra do que por sua vida realmente, e isso é bem claro. Mas esta distância certamente se desfaz um pouco ao ter este pequeno contato, misturando convicções e interpretações pessoais, com a presença do cantor, enunciando pa-la-vras. Sua timidez certamente abala um pouco esta interação com o público. Ia tocando música após música, dando alguns sorrisos e raramente soltando algum gingado ou gestos.
Mas tudo isso, num momento sublime. As letras das músicas falavam por si só, uma reunião de classe. Sem necessidade de grande espetáculo de luzes ou qualquer coisa para distrair um cérebro preguiçoso. A qualidade é - como sempre foi - evidente.

Desta forma, fica marcado em minhas lembranças, esta noite de 19/01/2012 em que tive a oportunidade de conhecer aquele que teve e tem grande importância na maneira em que vou seguindo o chamado cotidiano. Como uma fotografia, este momento está guardado e para tanto, insubstituível. Ele sai do palco, e todos os grandes “amigos” de Chico que cantaram canções e se emocionaram voltam pra casa e continuam a tocar seu próprio show, em que muitas vezes ele tem grande participação.
É a hora de se deixar levar pela emoção e desfrutar reflexões.

Como todos devemos nos despedir de algum amigo (tudo bem que ele mesmo não vai ler, mas...) ai vai a tentativa.

Um grande abraço para o camarada Chico!

Não sei se para o que estava no palco, se para aquele do songbooks e partituras ou para o que canta nas caixas de som da minha casa. Em qualquer das hipóteses, o cumprimento continua sempre bem-vindo.


Rodrigo Gomes Pereira 19/01/2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Direto das gavetas: Textos meus de quando era criança III

Redações: 6º série
Estudei no colégio Nossa Senhora do Carmo acho que por uns 12 anos, desde o maternal III até a oitava série. E organizando armários e gavetas de meu quarto, encontrei alguns textos que fiz durante este período que lá estudei. Dentre redações e o caderno de poesias da segunda série.
 Era realmente uma iniciativa muito legal do colégio de incentivar e estimular a imaginação através da escrita, e é muito saudável reencontrar estes textos após tantos anos. 
É interessante também para se conhecer melhor, quando crianças já apresentamos traços muito comuns mesmo na vida adulta.

Ai vão alguns destes textos, preservando os erros de escrita... haha  Divirta-se, se por ventura resolver conferir!




O AVISO DE MEU AVÔ
Colégio Nossa Senhora do Carmo – 6º Série – 06/06/05
Professora Cacau – “Interessante sua história! Você escreve bem!”

Um dia minha avó me contou um caso muito interessante que aconteeu com ela, como achei legal, gosto de recontar esta história várias vezes. Você quer que eu conte pra você? Então tá, mas só porque você me pediu.
Foi assim, ela disse que um dia foi dormir e teve um sonho muito estranho, era na verdade um aviso. No sonho, como ela dizia, o meu avô que já estava falecido, chega e bate na porta para entrar (isto é no sonho). Minha vó o recebe bem, sem se lembrar que ele havia falecido. Ele chega e não fala nada, minha vó lhe pergunta alguma coisa, que ela não lembra, foi tudo muito quieto, mas ela lembrou que tinha uma coisa estranha na porta, que tinha um buraco, e no móvel tinham estranhos pontos brancos.
Ela acordou, tudo estava normal, de repente sua vizinha bate na porta. Ela abre e recebe um pedido pra cuidar de seu filho, minha vó aceita. Depois de um tempo, a vizinha briga com marido dá um tiro, que pega na porta da minha vó e acerta a parede deixando o móvel cheio de pedaços brancos. Ela descobriu que o seu sonho, era na verdade um aviso espiritual de seu marido falecido.
Muitas coisas deste tipo acontecem, algumas são tão tenebrosas, que você pode ficar com medo de sonhar. Imagina se te chega um espirito desconhecido, e começa a tirar seu sossego!?
Por isso tome cuidado com seus sonhos, se você quiser, não durma mais.
Se não acreditar, eu vo manda uma amiga minha para seus sonhos, considere isso como uma ameaça!!!
Fique de olhos bem abertos!


AO SR. DIRETOR DA MATTEL

Colégio Nossa Senhora do Carmo – 6º série – 05/07/05
Professora Cacau: “ Ótimo texto! Bem escrito e desenvolvido com ótimos argumentos!”

Juiz de Fora      05/07/05


Gostaria de parabenizar a sua empresa pelas lindas bonecas que produz, que deslumbra todas as meninas.  Aqui quem está falando é um pai desesperado, que não tem dinheiro para comprar suas bonecas, estou com medo de minha filha perder a sua infância, pois ao menos tenho dinheiro para pagar as contas de casa, quem dirá para comprar bonecas Barbie. Estou preocupado pois ela anda muito desanimada, só deitada no sofá vendo televisão. Vejo como fica triste vendo os comerciais de brinquedos, ela já perdeu a esperanç, ela nem mais me pede umas das bonecas que vê na televisão, ela já sabe a resposta “Filha, agora não tenho dinheiro para comprar para você, mas prometo que quando arrumar uma grana vou comprar para você.” Fiquei sabendo que vocês não gostaram que tenham falsificado suas bonecas, e li no jornal que vocês apreenderam várias cópias de sua marca. Por favor , mandem apenas uma boneca, mesmo que seja a pior, para poder salvar a infância de minha filha, sei que ela ficará muito grata e muito feliz.
Atenciosamente Manoel.





O MUNDO DE HOJE
Colégio Nossa Senhora do Carmo – 6º série – 05/08/05
Professora Cacau “Ideias maduras e interessantes! Continue lendo muito!”
“Gostei da finalização”

Bom, nosso mundo de hoje está assim, para mim o mundo de hoje tem mais pontos negativos do que positivos. Pois antigamente as pessoas podiam sair tranquilas que não tinham problemas, deixavam as portas abertas, podiam sair com coisas valiozas na rua, as crianças brincavam na rua. Hoje em dia as pessoas andam com várias preocupações na cabeça, só estresse, a violência, na cidade grande, como Rio de Janeiro, há tiroteios a cada minuto, o tráfico de drogas cresce, a cada jovem que compra uma droga, naquele momento, ele acabou de perder sua vida, trocando-a pelas drogas. Isto tudo vem de muito tempo, faltava justiça, desde muito tempo, as pessoas que não conseguem trabalho, sem esperanças na vida, acabam fazendo coisas erradas.
Bom, mas para quem aproveita a vida, é muito bom, todo mundo, apesar de ter coisas ruins acontecendo, consegue ser feliz, aproveitar cada segundo da vida, praticar esportes, ou mesmo navegar na internet, isso faz esquecer os problemas, e consegui esquecer o mundo que hoje vivemos.

Direto das gavetas: Textos meus de quando era criança II

Direto das Gavetas: Redações da 4º até 6 série


Estudei no colégio Nossa Senhora do Carmo acho que por uns 12 anos, desde o maternal III até a oitava série. E organizando armários e gavetas de meu quarto, encontrei alguns textos que fiz durante este período que lá estudei. Dentre redações e o caderno de poesias da segunda série.
 Era realmente uma iniciativa muito legal do colégio de incentivar e estimular a imaginação através da escrita, e é muito saudável reencontrar estes textos após tantos anos. 
É interessante também para se conhecer melhor, quando crianças já apresentamos traços muito comuns mesmo na vida adulta.

Ai vão alguns destes textos, preservando os erros de escrita... haha  Divirta-se, se por ventura resolver conferir!


O COTIDIANO DE QUEM TENTA SER FELIZ

4º série Colégio Nossa Senhora do Carmo 27/11/03

O sol nasce, o galo canta, tudo começa de novo, estou novamente na rua, com esperança de uma vida melhor.
 Começo a tentar vender minhas balas, e sempre ganho um olhar de medo, um fechar de vidro e um simples não, mas apesar disso parecer simples para você! Não é pra mim não. Trata-se de um retrato da minha vida. É muita dor e sofrimento... É a Minha história já é horrível, e assim ainda me roubam as mercadorias, me fazendo perder as esperanças.
Muitos pensam que eu irei roubá-los o que escurece ainda mais o meu futuro, deixando a minha vida sem nexo.
 Em outro vidro, tento conseguir vender e me agarro neste fio de esperança, mas o que vejo é uma família unida, uma das coisas mais importantes que eu perdi e que fazem a minha vida ficar mais horrível.
Para sobreviver eu necessito de comer minhas próprias mercadorias, e ainda divido com os outros o que também necessito, sendo estranhos ou não. Desejo dar ao outro aquilo que não tenho.
 Eu não gosto de roubar, mas quando preciso sou obrigado a partir para o mal caminho.
 E minha história se repete...




QUEM É QUE EU SOU?
Colégio Nossa senhora do Carmo – 5º série – 11/02/04


Eu gosto muito de jogar ping-pong, pois no salão de meu prédio tem uma mesa de ping-pong, assim eu treino muito, já até participei de campeonato, mas mas não é só esse esport que eu gosto não, eu adoro jogar futebol, vôlei, nadar, etc...
 Gosto muito de brincar com o João que é meu melhor amigo, mas também tenho muitos mais amigos como o Victor, Gustavo, Gabriel, Rafael e muito mais.
 Tenho dois irmãos, um menino e uma menina.
 Meu irmão se chama Eduardo, e tem 16 anos, minha irmã se chama Mariana e tem 19 anos, meu pai se chama Ari e a minha mãe Miriam. Meu pai e minha irmã fica ficam a semana inteira no Rio de Janeiro, pois meu pai trabalha lá, e minha irmã faz faculdade de moda.
 Eu fico com muita saudade, e quando eles chegam de viagem, eu fico muito alegre e dou muitos abraços e beijos neles.
eu gosto muito de brincar na casa do meu primo, porque lá a rua é calma, e eu brinco de várias coisas, jogamos bola, e quando reúne várias pessoas da rua, brincamos de pique-bandeira, queimada, três cortes, etc...
Também gosto de brincar de patinet, como na casa do meu primo tem muitos morros é bom para a gente descer, a gente sai rápido.
Eu faço inglês e natação e nos dois eu faço com o João.
As minhas características externas são: louro, de olho verde e moreno, meço 1,45 m de altura e é só isso.
Bom, agora eu contei um pouco da história da minha vida, e é só isso.




INFÂNCIA

Colégio Nossa Senhora do Carmo – 5º série – 01/04/04
Professora Rose “ Você é muito criativo! Parabéns”

Eu adorei minha infância
Joguei bola, vôlei e basquete
mascando chiclete

Fiz amigos
Briguei com meu irmão
joguei computador
Passei trote com o João

Soltei pipa na chuva
Na lama escorreguei
minha mãe pegou sua luva
pois eu me machuquei

Foi uma bela infância
sem nenhuma elegancia
mas foi com muito carinho
Fui livre como um passarinho





PRESENTE DE REI
Colégio Nossa Senhora do Carmo – 6º série – 17/05/05
Professora Cacau

*ficção
Aconteceu a muito tempo, a história que me foi contada pelo meu pai. A história é de um amigo do amigo de meu pai, o Souza.
A história é que o Souza estava andando tranquilamente de noite na rua, até que ele viu um policial zombando de um mendigo, que com muita tristeza levava pancadas fortíssimas do cacetete do policial. Mas a pior parte não foi o sofrimento físico do mendigo e sim a agressão ao seu sentimento.
Ele sofria um grande preconceito. Sendo chamado de rato de rua e outros palavreados que tem um imenso poder de acabar com qualquer pessoa.
O mendigo não podia reagir, pois ele é muito indefeso por causa de sua vida cruel que le obriga a trabalhar como um animal, puxando carroças para vender lixo reciclável. Sua vida mizerável, que acabava com sua moralidade.
Souza ficou muito triste com a sena. Ficou indeciso por qual seria sua reação. Como era um policial, ele ficou com medo de ser preso, por isso foi pra casa com apenas um pensamento “ será que agi errado?”
No dia seguinte ele ficou sabendo de uma triste morte, a morte do mendigo. Ele havia morrido naquela madrugada. Souza ficou com um trauma gigante, então resolveu ajudar os mendigos que ele via. Dava cestas básicas, objetos simples que os deixavam muito feliz e principalmente, o que eles mais precisam, carinho e amor.
Depois disso ele se sentiu melhor ao ajudar.
Eu aprendi uma grande lissão, não ter preconceito por ninguém e ajudar os que precisam, esta lissão, foi um presente de rei.
Você também pode ajudar.

                                                       DIGA NÃO AO PRECONCEITO







Direto das gavetas: Textos meus de quando era criança

Direto das gavetas: Caderno de poesias da 2º série


 Estudei no colégio Nossa Senhora do Carmo acho que por uns 12 anos, desde o maternal III até a oitava série. E organizando armários e gavetas de meu quarto, encontrei alguns textos que fiz durante este período que lá estudei. Dentre redações e o caderno de poesias da segunda série.
 Era realmente uma iniciativa muito legal do colégio de incentivar e estimular a imaginação através da escrita, e é muito saudável reencontrar estes textos após tantos anos. 
É interessante também para se conhecer melhor, quando crianças já apresentamos traços muito comuns mesmo na vida adulta.

Ai vão alguns destes textos, preservando os erros de escrita... haha  Divirta-se, se por ventura resolver conferir!




CADERNO D POESIAS  2º SÉRIE – COLEGIO NOSSA SENHORA DO CARMO

“Estudo no “Colégio Nossa Senhora do Carmo”
Eu gosto muito de estudar lá.
E tenho Nossa Senhora do Carmo
Para proteger e me guiar”

“A segunda série B.
É uma turma inteligente
Com alunos sorridentes
E todos gostam de ajudar”

*Versos da abertura do caderno feitos pelos alunos da 2º série B




Poesia 1:   O ELEFANTE, A PULGA, O LEÃO E O GAVIÃO, rodrigo gomes pereira

O elefante
como sempre muito elegante.
gosta muito de uma festa,
que eu sei que é a melhor diversão da floresta

A pulga
tem um apelido de uga,uga
Foi ver “As fugas das galinhas”
e chamou suas amiguinhas

O leão
não gosta de pão
Ele é o rei da selva,
e quando esta com sono dorme sobre a relva

O gavião
voa igual um avião
E ele viu o gato sansão,
e ele levou um sustão



POESIA 2: A CANOA, rodrigo gomes pereira

A canoa pegou
uma garoa
Parou para o moço comer
Uma broa

A canoa
Faz a pessoa suar
remar... remar,
vai navegando pelo mar

A canoa
parece que voa.
se remar
acontece que da vontade de não parar





POESIA 3: O LAGO E O PATO, rodrigo gomes pereira

O pato
se olha no lago,
que é seu ato
de achar que é um gato

O lago
reflete o pato
sabendo que ele é um chato, e você
se você aparecer aqui outra vez eu te bato

O pato
achando que é gostoso
mas também é guloso.




POESIA 4: A BRISA E A ISA, rodrigo gomes pereira

Um dia,
A Isa estava olhando a brisa
que chamava um nome assim
Iiiiisa... Iiiiisa... Iiiiisa

A Isa
ficou com medo da brisa
e então chamou sua mãe
que se chamava Lisa

A Isa
enfrentava a brisa
com sua mãe Lisa
que ouviu a brisa chamando Iiiiisa... Iiiiisa... Iiiiisa...

E então
sua mãe Lisa
fechou a janela para não entrar a brisa,
e falou com a Isa que a brisa não chama
mas a Iiiiisa... Iiiiisa... Iiiiisa...




 POESIA 5: A GALINHA E A PINHA, rodrigo gomes pereira

A galinha estava andando
quando encontrou uma pinha
deu uma bicada
e ficou assustada

ficou rodiando
e saltitando
querendo assustar a pinha
que não saia do lugar

A galinha
pegou a pinha
e caiu no mar
mas como não sabe nadar
começou a afogar

E então
a galinha que não sabia nadar
por causa da pinha
morreu sobre o mar

domingo, 1 de janeiro de 2012

Um novo ano

Os mesmos votos decorados do ano passado, que por ventura foram usados em anos anteriores a este. Assemelham-se muito aos votos de “feliz aniversário” ou qualquer tipo de comemoração que exija algum pronunciamento. O que realmente pode mudar?
A emoção de ver os fogos de artifício, a felicidade por zerar o calendário e começar uma nova etapa, sentimento coletivo. É como esperar uma copa do mundo, de quatro em quatro anos. O problema é que a virada existe todo ano.
O que esperar de hoje pra amanhã? O que comemorar ; o fim de um período ruim da vida para o começo de outra melhor ou o término de um bom ano que merece ser lembrado?

A felicidade generalizada, estampada nos rostos das pessoas que aparecem na tevê. E o rosto do senhorzinho que sorri amarelo, sentindo que mais um ano está passando e a luta continua igual, sem muitas possibilidades de recomeçar do zero. Modificar sim há ainda alguma esperança. Mas falta-lhe disposição.
A moça que se arrumou para a festa, comprou os comes e bebes preocupada em passar o ano com estilo. Pessoas compareceram a festa, pessoas comeram e beberam, pessoas foram embora se despedindo aos beijos e abraços.

Haja movimentação, haja sorrisos e lágrimas. Continuamos, continuamos, continuamos. Terminando o que começamos, começando o que terminamos de começar.
Mas é melhor pensar que estamos recomeçando, ainda que seja uma maneira diferente de dizer que estamos continuando – ou levando.
Queremos ser diferentes, queremos nos sentir diferentes. Um dia a mais, um ano a mais. Tanto faz porque a vida continua, e a banda ainda vai passar mais uma vez. Carregando a alegria pra lá e pra cá, e fazendo-nos sempre cantar e a espera-la passar novamente.
A gente vai levando...

Feliz Ano Novo (Coloque aqui a data que quiser) 2012!

Que seja um ano, sobretudo, de introspecção e aprimoramento. Que todos possam sim modificar o mundo a partir de suas próprias ações, não deixando essa tarefa para o próximo.
Comece por aqui, porque não termina ali. Isso continua....