A verdade mesmo é que ninguém se importa qual a estação,
o indivíduo aprecia qualquer dia, qualquer época, desde que esteja bem consigo
mesmo. A natureza dialoga com a vida, mas é apenas coadjuvante ao pé do dia.
O garoto estava ardendo em amores, e tirou a sorte grande
de se apaixonar na primavera. É para poucos...
Caminhava pela rua afora a divagar sobre sonhos de beleza
fugaz. Há de estar em cada um a primavera dos apaixonados, escondida no fundo
do peito, mas tão frágil a ponto de, com qualquer esbarrão se desabrochar de
amores.
Olhava o caminho trilhado de maneira singular, a beleza
se fazia num simples passo vazio e o som dos carros passando. Quando as flores
caindo sobre o asfalto deixando todos os problemas possíveis junto ao cimento
sem graça, colorido por pétalas amarelas.
Em casa, cumprimenta os pais - a doce mania de esconder
quando se está apaixonado – sobe para o quarto e prepara a cama com mínima
vontade de adormecer. O travesseiro de sempre, é mole demais para a ocasião e o
incomodo aumentado pela ansiedade na espera do dia seguinte.
- Acorda filho, ta na hora da aula! , exclamava a mãe do
garoto
Este, embora fosse detentor de um habitual mau-humor matinal, acordara com sorriso relaxado no rosto
- Ô mãe, brigado por me acordar..., disse esfregando os olhos
Este, embora fosse detentor de um habitual mau-humor matinal, acordara com sorriso relaxado no rosto
- Ô mãe, brigado por me acordar..., disse esfregando os olhos
Rapidamente se levantou, e se arrumando ia oscilando da
respiração ofegante com a sensação de mais completa ternura.
A manhã era de um sol claro o suficiente para deixar um mau sujeito com vontade de distribuir sorrisos.
No caminho para escola, o garoto ia passando a mão entre as flores, bonitas espalhadas por todos os cantos. Todos o cumprimentavam com belo sorriso matinal.
A manhã era de um sol claro o suficiente para deixar um mau sujeito com vontade de distribuir sorrisos.
No caminho para escola, o garoto ia passando a mão entre as flores, bonitas espalhadas por todos os cantos. Todos o cumprimentavam com belo sorriso matinal.
Ocorreu-lhe a
ideia de coletar algumas destas para presentear sua namorada.
Com cautela e a maior perícia de quem não conhece nada
sobre flores, ia analisando uma a uma no caminho de modo a escolher a mais
bonita, a mais bonita que pudesse existir.
Uma flor, em particular, lhe chamou atenção. Era uma flor
azul, uma cor muito bonita.
Parecia-lhe uma rosa de cor azul, mas não sabia ao certo. Ouvira certa vez que rosas azuis nunca existiram senão fruto de variações genéticas, mas nunca naturalmente. Mas esta parecia ser natural. Solitária em meio a um enorme terraço vazio - com ar de abandonado - e sem grades de uma casa velha. Parecia a única coisa a iluminar o local.
Parecia-lhe uma rosa de cor azul, mas não sabia ao certo. Ouvira certa vez que rosas azuis nunca existiram senão fruto de variações genéticas, mas nunca naturalmente. Mas esta parecia ser natural. Solitária em meio a um enorme terraço vazio - com ar de abandonado - e sem grades de uma casa velha. Parecia a única coisa a iluminar o local.
Foi logo ao seu encontro, extasiado pela descoberta de
flor tão bela. Após um pouco analisar, decidira que era esta mesmo que iria
levar. Num puxão, arrancou a única flor do terreno de sua raiz. Súbito todo o
céu se tornou negro, esfumaçado.
No mesmo momento escutou um enorme gemido vindo de dentro
da casa velha. Um grito de extrema dor ecoou pelo terraço, emitido pela mesma
voz que em seguida começava a pronunciar dizeres de profunda revolta e
denúncia.
- Ladrão! Seu ladrão de merda! O que você esta fazendo no
meu jardim?! Volte já aqui!
Era uma voz feminina, rouca, que apesar de se reconhecer como voz de mulher, podia-se até confundir com a de um homem rabugento e agressivo. Toda esta barulheira vinha acompanhado com o latido enjoado de um cãozinho ao fundo.
Era uma voz feminina, rouca, que apesar de se reconhecer como voz de mulher, podia-se até confundir com a de um homem rabugento e agressivo. Toda esta barulheira vinha acompanhado com o latido enjoado de um cãozinho ao fundo.
O garoto assustado, sem saber o que fazer, segurou a flor
com força e resolveu correr. No primeiro arranque, sem conseguir olhar para o
lado, trombou com uma mulher na faixa de 30 anos, que tentou segurar-lhe pelo braço
ao ouvir o grito de ameaça. Esguio e ágil o menino se desvencilhou da moça e
continuou em sua fuga.
Nessa hora a velha da casa abandonada já havia aparecido do lado de fora de seu quintal e começava a gritar e apontar para o menino.
- Pega ladrão! Ele me roubou!
Nessa hora a velha da casa abandonada já havia aparecido do lado de fora de seu quintal e começava a gritar e apontar para o menino.
- Pega ladrão! Ele me roubou!
Quando outra pessoa, agora um homem magro tentou
agarrar-lhe os pés, e, não conseguindo, começou a correr atrás do garoto.
O menino corria já sem saber para onde, e também sem saber por que fugia. Já estava correndo sem pensar com as pernas e iam escorrendo lagrimas no canto de seus olhos.
Então, um homem forte, com uniforme de policial, apanhou o menino pelo pescoço e deitou-o no chão.
O menino corria já sem saber para onde, e também sem saber por que fugia. Já estava correndo sem pensar com as pernas e iam escorrendo lagrimas no canto de seus olhos.
Então, um homem forte, com uniforme de policial, apanhou o menino pelo pescoço e deitou-o no chão.
Logo uma multidão, que não se sabe donde apareceu, se
formou em volta do garoto que era atacado por olhares ferozes o julgando.
O burburinho criado expelia todas as vozes para o centro
em direção ao menino
- Ora, se ele não estava procurando algo... pois achou! –
comentou alguém na multidão
- É, nunca mais tente a sorte, garoto! – exclamou outra
voz
Quando o garoto com os olhos abarrotados de lagrimas enxerga todas as pessoas com expressões melancólicas e sorrisos tristes distorcidos... Todos a dar imensas, intermináveis gargalhadas.
Esta cena ia se tornando cada vez mais agoniante, e todos
vinham se aproximando mais e mais. E
suas formas já não eram mais humanas...
Ele então começa ser atacado por todos os lados, entre
pontapés e socos, ia sucumbindo à sua própria tristeza.
A multidão de repente cessou os ataques, abrindo espaço para a rua.
Uma garota vinha caminhando lentamente, com o rosto um pouco cabisbaixo, e seu rosto não se apresentava nítido, não podendo identificar quem vinha vindo. A menina, que apresentava uma estranha mistura de ternura e escuridão, vinha arrastando a flor azul pelo chão...
A multidão de repente cessou os ataques, abrindo espaço para a rua.
Uma garota vinha caminhando lentamente, com o rosto um pouco cabisbaixo, e seu rosto não se apresentava nítido, não podendo identificar quem vinha vindo. A menina, que apresentava uma estranha mistura de ternura e escuridão, vinha arrastando a flor azul pelo chão...
Quando o garoto sente uma enorme punhalada em sua nuca,
perdendo momentaneamente sua visão e o levando a perder o fôlego, não
conseguindo buscar o ar por alguns segundos.
Num enorme solavanco, ele se levanta.
Acordava com elevada temperatura, suando entre seus
cobertores. Põe a cabeça em direção a janela. Estava escuro.
Era inverno, e ele não tinha uma paixão.
Belo conto Rodrigo! Mesmo com a tragicidade do desfecho... haha.
ResponderExcluirQuanto ás estações, de fato existem as que são regidas pela natureza e aquelas que se formam a partir do nosso estado de espírito. Apesar de uma não depender da outra para ocorrer, os sentimentos podem ficar mais intensos quando essas duas estão em consonância...
Valeu! Abraço!